Rioprevidência investiu R$ 2,6 bilhões em fundos do grupo do Banco Master, e TCE-RJ fala em ‘risco aos aposentados’

  • 18/11/2025
Rioprevidência investiu R$ 2,6 bilhões em fundos do grupo do Banco Master O Rioprevidência, fundo responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões a 235 mil servidores inativos do RJ, aplicou R$ 2,6 bilhões em fundos do grupo liderado pelo Banco Master. O investimento foi realizado ao longo de 2024 e 2025, aproveitando taxas consideradas “mais atrativas” que as oferecidas por concorrentes. Em maio, o Tribunal de Contas do RJ (TCE-RJ) já havia alertado para “graves irregularidades” aos gestores do fundo. Em outubro, o TCE voltou a criticar os aportes e determinou uma tutela provisória com apensação sobre o Rioprevidência, impedindo-o de fazer novas transações com o Master. 🔎 Tutela provisória seguido da apensação é como, em uma situação de emergência, o Tribunal emitir um comando de parar imediatamente (tutela provisória) e, em seguida, dizer que o caso será transferido e anexado à investigação criminal completa (a auditoria) para que todas as punições e responsabilidades sejam definidas de uma vez. “Chega de decisões sem transparência, chega de colocar em risco a aposentadoria daqueles que colaboraram com a construção deste estado”, declarou o conselheiro Jose Gomes Graciosa. (CORREÇÃO: o g1 errou ao atribuir a frase acima à conselheira Marianna Montebello Willeman. A declaração, na verdade, foi feita pelo conselheiro José Gomes Graciosa. A informação foi corrigida às 14h de 18/11/2025.) Nesta terça-feira (18), o Banco Central decretou regime de administração especial temporária do Master por 120 dias e a liquidação do conglomerado. O presidente da instituição, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal horas antes, na noite de segunda (17), tentando deixar o país. Sede do Rioprevidência Divulgação Segundo Willeman, tudo indicava que o banco se encontrava “numa situação falimentar e que certamente não poderia honrar com os compromissos que vinha assumindo naquela oportunidade”. Em uma nota publicada em seu site, no dia 18 de outubro, o Rioprevidência afirmou que “o valor efetivamente investido [no Banco Master] foi de aproximadamente R$ 960 milhões, em Letras Financeiras emitidas pelo Banco Master S.A., e a operação segue regular, adimplente e plenamente enquadrada nos parâmetros legais e prudenciais”. O g1 voltou a procurar o Rioprevidência, que voltou a afirmar que "o valor efetivamente aplicado pelo órgão foi de aproximadamente R$ 960 milhões, em Letras Financeiras emitidas pela instituição entre outubro de 2023 e agosto de 2024, com vencimentos previstos para 2033 e 2034". O órgão afirma que atualmente a autarquia está em negociação para substituir as letras por precatórios federais (leia a íntegra da nota do Rioprevidência no fim da reportagem). Nota do Rioprevidência sobre o aporte Reprodução Como funcionava o aporte De acordo com o TCE, o Rioprevidência utilizava o dinheiro arrecadado com descontos em folha para aplicar no mercado financeiro — o que deveria garantir a sustentabilidade do fundo. O órgão determinou que o Rioprevidência não investisse mais em instrumentos financeiros emitidos, administrados ou geridos pelo conglomerado do Banco Master, nem em outras instituições que não atendessem aos princípios de segurança e prudência financeira. Em maio, o Tribunal já havia pedido esclarecimentos sobre os investimentos. Desde então, concluiu que houve agravamento das irregularidades. Até julho, R$ 2,6 bilhões — o equivalente a 25% dos recursos aplicados pelo Rioprevidência — estavam expostos a fundos administrados pelo Banco Master. Um dos exemplos citados é o aporte de mais de R$ 1 bilhão no Arena Fundo de Investimento, administrado pela Master S/A Corretora. O fundo iniciou as operações em 18 de dezembro do ano passado, e no dia seguinte o Rioprevidência fez o primeiro aporte de R$ 50 milhões. Desde então, o fundo estadual fez sucessivos aportes, sendo o único cotista. A rentabilidade média do fundo, de 4,05%, ficou abaixo da poupança (5,47%) e muito aquém do CDI (9,31%), o que, segundo o TCE, reforça a “ausência de vantajosidade”. Os técnicos também identificaram aportes de mais de R$ 300 milhões em letras financeiras sem qualquer informação disponível — aplicações que funcionam como empréstimos a instituições financeiras, em troca de juros. Outro exemplo citado é o investimento de R$ 100 milhões em junho, que caiu para R$ 75 milhões em apenas um mês. Na avaliação do Tribunal de Contas, esses casos “evidenciam uma gestão possivelmente irresponsável dos recursos do regime previdenciário”. O que diz o Rioprevidência "O Rioprevidência informa que é inverídica a informação de que o Banco Master seria destinatário de mais de R$ 2,6 bilhões em investimentos pela autarquia. O valor efetivamente aplicado pelo órgão foi de aproximadamente R$ 960 milhões, em Letras Financeiras emitidas pela instituição entre outubro de 2023 e agosto de 2024, com vencimentos previstos para 2033 e 2034. Atualmente, a autarquia está em negociação para substituir as letras por precatórios federais. O Rioprevidência ressalta ainda que o pagamento de aposentadorias e pensões está garantido, não havendo qualquer risco para os segurados do Estado do Rio de Janeiro. Cabe destacar ainda que o valor investido junto à instituição é inferior ao da folha mensal paga pela autarquia aos aposentados e pensionistas, hoje em R$ 1,9 bilhão, custeada em grande parte pela receita de royalties e participações especiais. O montante relativo ao investimento que vem sendo equivocadamente veiculado se deve a um cálculo feito pelo TCE-RJ, que inclusive já foi esclarecido pelo Rioprevidência em recurso apresentado à Corte de Contas. Importante esclarecer ainda que à época das aplicações, o Banco Master S.A. detinha autorização de funcionamento emitida pelo Banco Central do Brasil, credenciamento ativo junto ao Ministério da Previdência Social e classificação de risco de crédito de “grau de investimento” — rating nacional de longo prazo “A-”, atribuído pela Fitch Ratings, atestando solidez financeira e a credibilidade institucional. As aplicações foram realizadas em conformidade com todos os regramentos vigentes à época e de acordo com o Plano Anual de Investimentos que foi aprovado pelo Conselho de Administração da Autarquia".

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/11/18/rioprevidencia-banco-master-investimento.ghtml


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